A Federação Portuguesa de Atletismo é aliada da Sociedade Portuguesa de Pneumologia na Corrida do Pulmão. O Prof. Pedro Rocha, coordenador do Programa Nacional de Marcha e Corrida da Federação Portuguesa de Atletismo, sublinha a importância desta aliança entre a Saúde e a Ciência, que considera benéfica para ambos os lados “quer na parte social porque temos uma atividade que tem benefícios em termos de prática, quer na parte da saúde porque eventualmente vamos ter menos pessoas com problemas”. Segundo o Prof. Pedro Rocha, o ideal “seria sermos ativos, utilizarmos as nossas atividades do dia-a-dia como ir para o emprego, às compras, passear com a família, passear no parque, para poder ser contabilizado no tempo recomendado nas guidelines”.

Qual a importância de a Federação Portuguesa de Atletismo aliar-se à Sociedade Portuguesa de Pneumologia nesta Corrida do Pulmão?
Prof. Pedro Rocha (PR) - É de extrema importância uma vez que a Federação tem, desde 2009, o programa Nacional de Marcha e Corrida que está ligado sobretudo à questão da saúde e do bem-estar com disciplinas como a corrida e a caminhada. Portanto, tudo o que haja de iniciativas que partam de associações/instituições e sejam de âmbito social relacionadas com estas duas atividades, a Federação tem todo o interesse em ser parceira.

Como é que vê esta articulação entre a ciência e o desporto?
PR – Parece-me muito relevante porque, nos últimos tempos, temos tido um alerta que tem passado para a sociedade, que é aproveitar os benefícios da prática da atividade física em prol da saúde. E se conseguirmos associar também a parte científica a esta atividade física, com recomendações e guidelines direcionadas para a população em si, para todas as pessoas sedentárias ou não sedentárias que possam tirar partido desta atividade eu acho que é vantajoso em ambos os sentidos: quer na parte social, porque temos uma atividade que tem benefícios em termos de prática; quer na parte da saúde porque eventualmente vamos ter menos pessoas com problemas.

De que forma é que o exercício pode ajudar a prevenir a doença e promover a saúde?
PR - O exercício é bastante profilático, ou seja, tem várias vantagens desde o ponto de vista físico ao ponto de vista social passando pelo psicológico. E, portanto, todas as atividades que estejam organizadas e orientadas sobre estes princípios podem ser praticadas por todas as pessoas independentemente do tipo de algumas limitações que podem ter em termos de saúde ou disponibilidade para a prática dessas atividades. É uma questão de cada pessoa encontrar a atividade física que melhor se ajusta às suas aptidões e começar a praticar. A partir do momento em que se inicia, quase de certeza, que vai progredir e essa progressão vai ser benéfica em vários aspetos, nomeadamente a melhoria da condição física, a perda de algum peso corporal que significa também a melhoria em termos da disponibilidade motora. Além disso, os aspetos psicológicos são muito importantes para este segmento de praticantes porque muitas vezes as pessoas precisam de melhorar a autoestima, de melhorar a sua qualidade de vida. Através do desporto promovem-se também as relações interpessoais e isso é muito importante na sociedade atual.

Qual é o tempo ideal para a prática de exercício físico de forma a ser benéfico para a saúde? 
PR - Há algumas recomendações, há algumas guidelines internacionais, no entanto, aquilo que nós dizemos é que deve ter no mínimo 150 minutos por semana. O que dividido daria cinco vezes por semana, durante trinta minutos intercalando com um dia a dois de descanso. No entanto, o ideal seria sermos sempre ativos, utilizarmos as nossas atividades do dia-a-dia como ir para o emprego, ir às compras, passear com a família, passear no parque, para poder ser também contabilizado nesse tempo que é recomendado. É importante reforçar que, para tirar mesmo benefícios de uma atividade física organizada e regular, convém que o esforço seja de certa maneira controlado e que tenha um determinado nível de intensidade para poder eventualmente produzir esses benefícios. Aqui sugere-se sempre que a atividade tenha uma intensidade moderada, não atinja intensidades muito vigorosas, em esforços muito elevados porque não é isso que se pretende. O objetivo é que as pessoas possam desfrutar, por um lado do esforço físico em si, e por outro, tirar prazer da expressão que é essa atividade propriamente dita.

Quais é que são as suas expectativas para a Corrida do Pulmão?
PR - Eu este ano estou com enormes expectativas relativamente à Corrida do Pulmão. O ano passado tivemos a Corrida da Asma, na Expo, foi bastante importante iniciarmos essa corrida para termos também algum conhecimento da forma como as pessoas iam aderir. Este ano temos um espaço excelente para a prática da caminhada e da corrida, que é o Estádio Nacional que é o pulmão de Lisboa, a par de Monsanto. É um espaço muito bom, de excelência para fazermos atividade física e, neste caso, penso que vamos ter, a par do espaço, uma organização já com alguns cuidados que evoluiu do ano passado para este ano. E pelofeedback que tenho tido, as inscrições esgotaram de imediato, portanto, era bom que as pessoas que se associaram ao evento, cumprissem o compromisso de estarem presentes no dia 27 de maio connosco para podermos fazer um excelente evento e que isto significasse também um marco para todas as pessoas e, quem sabe até, um início da prática de exercício físico por parte de alguma população. Para os que já praticam, espero que venham disfrutar da modalidade que gostam, com uma boa organização num espaço de excelência.